Foi lendo um post da Fernanda Gentil que descobri que essa semana havia sido longa demais não só para mim.
Também pensei que o mundo iria acabar. Mas ele só deu umas voltas...
Ouvi de pessoas que nem me conhecem coisas injustas, pesadas, dolorosas. Aí toca o seu telefone: “Os exames saíram. E não foram exatamente como esperávamos”, diz sua mãe escondendo o choro do outro lado da linha. Aí, sim, você descobre o que é dor, o que é pesado, o que é injusto.
Os comentários que há 10 minutos te atingiam, de repente, se tornam, sei lá... tão irrelevantes. Aí, você desliga o rádio e põe aquela música que te lembra sua infância. Acha uma versão bossa no YouTube e envia pra quem você mais ama. Durante 4’14”, você chora... de emoção.
Desliga o carro, desce com o olho vermelho e abraça sua avó. Ela corta um pedaço de pamonha e coloca no cantinho do seu prato. “É de sal. Pode comer que não engorda”, diz com um sorriso de canto e uma inocência típica de seus 94 anos.
Você abre o WhatsApp, tá lá um print que você não queria ter recebido, um vídeo que você não queria ter visto e um comentário que você não merecia ter lido.
Mas também estão lá os conselhos do seu irmão, as fofocas do seu primo, os trabalhos do MBA, os desabafos das suas amigas, o apoio do seu chefe, a “saudade” do seu marido, o carinho do seu papi, e um monte de coração, palminha, florzinha e beijinho de quem já escutou a versão bossa da música: “Amei!”.
Você chega na terapia reclamando que perdeu injustamente seu emprego, que seu programa não será mais veiculado, e que aquela grana vai te fazer falta. Mas sai convencida de que foi a melhor coisa que poderia ter acontecido.
Chega em casa e vê que a orquídea que você ganhou de aniversário continua lá, enfeitando sua sacada. Ao regá-la, exagera um pouquinho na água, que vaza... como muitas outras coisas que deveriam permanecer na raiz. Mas levianamente se espalham, assumindo novas formas, diluindo certezas. E como todo líquido, de repente, evapora! Como a confiança que um dia você já teve nas flores do seu próprio jardim.
Você quase perde a esperança, até que a bola bate na trave, nas costas do goleiro, e entra. Era a sorte voltando pro seu lado, onde há pouquíssimas pessoas, mas, curiosamente, as que mais importam. As que merecem sua total torcida, sua total dedicação, sua eterna lealdade. As que te abraçam não só na hora do gol, mas também na hora do frango, ou “franguinha”, como disseram por aí...
Sim, até de rapariga fui classificada. E como terminou essa história? No fim de semana, com o vestido mais curto que tinha no armário. As críticas de sei lá quem saíram pelo mesmo ouvido em que entraram os elogiosos sussurros do meu marido.
“Seu cabelo está lindo”, foi o que ouvi, sábado, no casamento da melhor amiga de infância. “Hamburger e coca-cola”, foi o que nos acompanhou na sexta-feira à noite, ao lado do casal mais querido do mundo. “Filha, vem logo”, foi o que ouvi do meu pai, domingo, logo cedinho. “Oi, meu amor, está tudo bem?”, foi a primeira coisa que escutei da minha mãe, que nessa semana só receberá boas notícias. Essas, sim, ficarão gravadas. As ruins, a vida edita e joga fora.
Monara Marques
Comunicação e Marketing